Eletrococleografia
A Eletrococleografia (ECoG) é uma medida objetiva dos potenciais elétricos gerados no ouvido interno com o resultado de uma estimulação sonora. Este teste é mais frequentemente solicitado para determinar se nosso ouvido interno (representado pela cóclea) tem uma quantidade excessiva de pressão dos fluidos (endolínfa). A presença de pressão excessiva no interior da cóclea pode causar sintomas como: perda de audição, plenitude auricular, tontura e zumbido. Estes sintomas são muitas vezes indicativo de determinadas patologias do ouvido, tais como a doença de Meniere ou a hidropsiaendo linfática.
O exame está indicado nestes casos:
- Localização do local da lesão no sistema auditivo.
- Auxilio no diagnostico da Doença de Meniere, problema que afeta audição e equilíbrio.
- Neuropatias e dissincronias auditivas.
- Exame indolor não invasivo ,pois se utiliza eletrodo de contato próximo a membrana timpânica que capta resposta próximo do sistema auditivo.
- A duração varia de 40 a 80 minutos.
O exame é realizado com o paciente em repouso e é indolor, devendo sempre ser solicitado pelo médico. Na CCAF realizamos o exame em sala acústica, com o paciente confortavelmente deitado.
Emissões otoacústicas evocadas por produto de distorção
Além das emissões otoacústicas evocadas transients, podemos também realizar as emissões otoacústicas evocadas por produto de distorção. Nas Emissões otoacústicas por produto de distorção os sons são emitidos em respostas a 2 tons puros (F1 e F2) simultâneos de diferentes frequências e intensidades moderadas. As emissões otoacústicas por produto de distorção podem ser obtidas na região de frequências entre 500 a 8000Hz e algumas vezes até em frequências mais altas. Estão presentes em indivíduos com audição normal e em indivíduos com perdas auditivas (de 30 a 50dB).
Geralmente este tipo de estimulo é utilizado quando ser quer verificar a resposta coclear em diferentes frequências. Normalmente é o tipo de estímulo escolhido quando se solicita emissões otoacústicas em adultos.
Do mesmo modo que nas emissões otoacústicas utilizadas no teste da orelhinha, que utilizam um estímulo diferente, para realização do exame é ideal que o meato acústico externo esteja livre de cerúmen e que a orelna média esteja integra.
Emissões Otoacústicas Evocadas Transientes (EOAT – “Teste da Orelinha”)
As emissões otoacústicas (EOAs) refletem as propriedades micromecânicas e ativas do órgão de Corti, sendo que as células ciliadas externas parecem estar particularmente envolvidas na sua geração. A presença das EOAs indica que o receptor pré-neural (e necessariamente o mecanismo da orelha média) é capaz de responder ao som de modo normal, sendo este, até então o seu maior valor clinico.
Trata-se de um procedimento não invasivo, rápido, aplicável em locais sem tratamento acústico, objetivo (não depende da resposta do indivíduo), e sensível a perdas de grau leve a profundo, uni ou bilateriais.
A presença das emissões otoacústicas indica que o mecanismo receptor coclear pré-neural (e necessariamente o mecanismo da orelha média) é capaz de responder ao som de um modo normal, sendo este, até então, o seu maior valor clínico. A descoberta das EOA e de técnica apropriada para registrá-las vem de encontro à necessidade de testar um grande número de sujeitos.
Principais indicações:
- Triagem auditiva neonatal;
- Triagem auditiva em escolares;
- Suspeita de perda auditiva em crianças ou adultos com comprometimento neurológico ou psíquico, que não respondam a audiometria tonal;
- Diagnóstico diferencial da desordem do espectro da neuropatia auditiva;
- Monitoramento de pacientes que apresentem risco de perda de origem coclear, como por exemplo, que fazem uso de ototóxicos ou estão expostos a ruídos.
O tipo de emissão otoacústica mais comumente utilizada em triagem auditiva é a emissão otoacústica evocada transiente. Neste tipo de emissão, o estímulo do teste são sons emitidos em resposta a um estímulo acústico de curta duração, usualmente clicks, mas podem ser também tons bursts ou tons chirps, utilizados em fraca intensidade. Estão presentes em indivíduos com audição normal.
Potências Auditivos Evocados de Estado Estável
Os potenciais auditivos evocados de estado estável representam a resposta do nervo auditivo e do tronco encefálico à uma estimulação auditiva contínua. São respostas eletrofisiológicas periódicas a tons modulados em amplitude e/ou em frequência que geram potenciais evocados sucessivos.
Neste exame a detecção da resposta é feita automaticamente pelo computador a partir de uma análise de probabilidade matemática. Como a resposta ao estímulo ocorre à modulação provocada no mesmo, podemos escolher diferentes taxas de modulação para cada estímulo apresentado, portanto pode-se avaliar múltiplas frequências bilateralmente ao mesmo tempo.
É utilizado como exame de confirmação dos potenciais auditivos evocados de tronco encefálico e também fornece os limiares eletrofisiológicos por frequência, o que é especialmente útil no processo de seleção e adaptação de aparelhos auditivos em crianças pequenas ou quando o paciente não consegue responder de forma objetivo ao som. Por possuir intensidades superiores ao BERA, é especialmente útil na investigação do limiar em perdas auditivas severas e profundas.
Do mesmo modo que no BERA a criança ou adulto precisa estar em repouso para realizar o exame e portanto, algumas vezes, é necessário que a criança esteja sedada para realiza-lo.
Potências Auditivos Evocados de Longa Latência (P300)
Os potenciais auditivos evocados de longa latência ou P300 como são conhecidos são potenciais endógenos que refletem o uso funcional que o indivíduo faz do estímulo auditivo, sendo altamente dependente das habilidades cognitivas. O procedimento é objetivo porém depende da experiência do examinador em detectar os picos das ondas, sendo importante a utilização de métodos de registro que facilitem a análise da presença de resposta e a interpretação dos resultados.
Para que este potencial seja gerado é necessário que ocorra a discriminação de um estímulo auditivo raro, dentre outro freqüente de mesma modalidade e características físicas diferentes. Ou seja, serão apresentados através dos fones de ouvido dois estímulos auditivos, um frequente que se repete o tempo todo e outro raro que eventualmente aparece durante o teste, solicitamos a o paciente que fique atento a o aparecimento do estímulo raro. Na pesquisa do Potencial Evocado Auditivo de Longa Latência-P300, dois componentes podem ser avaliados, o N2 (ou N200), que está relacionado com a percepção, discriminação, reconhecimento e classificação de um estímulo auditivo; e o P3 (ou P300) que ocorre quando o indivíduo reconhece conscientemente a presença de uma mudança no estímulo auditivo.
Esta medida objetiva reflete o funcionamento do sistema auditivo central, portanto pode contribuir no entendimento das estruturas centrais do sistema auditivo em indivíduos com queixas de dificuldades escolares, dificuldades de compreensão de fala, deficit de atenção, entre outros.
Potenciais Auditivos Evocados de Média Latência
Os Potenciais Evocados Auditivos de Média Latência consistem em uma sucessão de ondas que permitem a investigação objetiva da integridade da via auditiva central.
A utilidade deste método diagnóstico recentemente vem sendo apreciada pelos audiologistas por se tratar de uma forma objetiva de avaliar a via auditiva central. Por avaliar a integridade da via auditiva sofre interferência dos processos de maturação natural da via e esta maturação deve ser considerada na interpretação dos resultados. A normalidades nas formas das ondas encontradas no teste podem ser observadas em crianças e adultos com lesões ou deficits no processamento auditivo.
Trata-se de um método diagnóstico útil para a investigação do funcionamento da via auditiva e na estimação da sensibilidade auditiva. Auxilia no estudo da integridade da função auditiva central em pacientes com alterações de linguagem, fala e aprendizado e distúrbios do processamento auditivo.
O exame é indolor e a criança e ou adulto precisa estar confortavelmente deitado, porem em estado de alerta e com os olhos abertos. Não é recomendada sedação, portanto depende-se da colaboração do sujeito.
Potenciais Auditivos Evocados de Tronco Encefálico por Toneburst/Tonechirp (BERA por Freqüência Específica)
Vários tipos de estímulo são utilizados para evocar as respostas do PEATE, sendo os mais utilizados o click e os estímulos por frequência específica, como o toneburst ou tonechirp.
O click por ser de rápido começo e de curta duração (100useg) produz disparos sincrônicos dos numerosos neurônios auditivos, possui espectro amplo, e o seu pico de energia máxima permite melhor relação para os limiares de tom puro entre 2000Hz e 4000Hz. Este estímulo tem sido frequentemente empregado pois permite o disparo sincrônico de muitos neurônios na condução do estímulo a partir do nervo coclear. Possui morfologia de ondas, com latências e amplitudes que podem ser facilmente registradas desde o nascimento, mesmo em recém-nascidos prematuros. Este estímulo é ideal para avaliar a sincronia neural e saúde da via auditiva, porém não possui especificidade de frequência e não é suficiente para configurar a perda auditiva, pois não fornece informações de frequências baixas.
O ToneBurst é um outro tipo de estímulo que pode ser utilizado e é apresentado por uma onda sinusoidal com duração breve que possibilita avaliar frequências específicas, possuindo um espectro de frequência com energia centrada na frequência de estimulação. O uso deste estímulo colabora para o diagnóstico de perdas maiores em frequências agudas fornecendo o perfil auditivo e é fundamental para fornecer dados para a programação de aparelhos auditivos em crianças pequenas.
O ToneChirp é um estímulo de banda larga que foi construído de maneira a tentar compensar o atraso temporal provocado pela viagem da onda sonora ao longo da membrana basilar por meio da promoção do atraso das frequências altas em relação as frequências baixas do estímulo, produzindo assim, uma estimulação simultânea. A estimulação simultânea leva a uma melhora da sincronia neural e consequentemente um aumento da onda V quando comparado ao clique, principalmente em fracas intensidades. Os resultados positivos com o chirp de banda larga levaram a comunidade científica a desenvolver o chirp de frequência específica (narrowbandchirp CE-chirps). Estudos tem demonstrado que a amplitude da onda V para o estímulo chirp frequência específica é maior do que para o estimulo toneburst. Chirps de frequência baixa levam a uma maior sincronização da descarga neural o que é refletido na maior amplitude, principalmente em intensidades mais fracas, facilitando a interpretação.
Potenciais Auditivos Evocados de Tronco Encefálico por Via Aérea e por Via Óssea (BERA)
Potenciais Evocados Auditivos de Tronco Encefálico, Ou BERA como é popularmente chamado são registros da atividade elétrica que ocorre no sistema auditivo, da orelha interna até o córtex cerebral, em resposta a um estímulo auditivo. Trata-se da representação de descargas sincrônicas de neurônios do sistema auditivo periférico e central. A atividade cerebral evocada é detectada por eletrodos de superfície que registram as respostas elétricas, aparecendo como traçado um conjunto de sete ondas, cujos picos são marcados em algarismos romanos de I a VII e correspondem a etapas sucessivas e/ou sinapses das vias auditivas.
Durante a análise do exame geralmente são marcadas ondas que representas estações neurais, estas marcaçõe são úteis para avaliar a integridade neural. Dentre estas ondas, existe uma onda em especial, chamada de onda V, que é a que tem a amplitude mais robusta e é considerada a melhor onda para a avaliação da sensibilidade auditiva, permanecendo visível até o limiar.
O exame é realizado com o paciente em repouso, normalmente deitado. Em crianças muitas vezes é necessária a sedação para garantir o repouso. Recomenda-se uma sala com tratamento acústico e principalmente elétrico, uma vez que os potenciais estão sujeitos a interferências elétricas. São colocados eletrodos de superfície nas fronte alta e nas mastoides ou lóbulos das orelhas.
Na CCAF realizamos o exame em diferentes modalidades:
- Sono natural
- Sedação
- Centro cirúrgico
Este exame pode ser realizado em nosso equipamento tanto para a avaliação da condução sonora por via aérea quanto para avaliação da condução sonora por via óssea.
“As informações aqui colocadas são de caráter informativo. Cada paciente possui suas particularidades e deve ser avaliado e tratado de forma individualizada. Se você tem algum problema de saúde, procure um médico especialista.”
*Caso haja necessidade os exames poderão ser feitos em sono natural ou sob sedação.