Audiometria Infantil Condicionada
Este exame se assemelha a audiometria tonal liminar realizada em adultos, a diferença está no tipo de resposta esperada.
Enquanto que na audiometria tonal de adultos se espera que o paciente levante a mão para o estímulo auditivo, na audiometria infantil condicionada a criança é estimulada a executar um ato motor toda vez que ouve o som.
Normalmente para favorecer a resposta contamos uma historia para a criança, como por exemplo a história a seguir:
“Agora você irá ouvir o passarinho cantar, toda vez que ouvir o passarinho cantar você deve dar a comidinha para ele. Preste bem atenção!! Algumas vezes o passarinho canta forte mas em outras ele canta fraquinho, pois está com fome e você tem que dar a comidinha para ele!”
A “comida” do passarinho pode ser peças de encaixe que podem ser jogadas em um balde cada vez que a criança ouvir, ou ainda encaixadas em algum lugar. Todas as variações são possíveis, o importante é que a brincadeira seja interessante e que estimule a criança a responder com um ato motor para todo estímulo auditivo ouvido.
Uma criança bem condicionada é capaz de fazer a audiometria inteira desta forma, fazendo a avaliação de todas as frequências por via aérea e por via óssea. Normalmente o exame dá resultados mais precisos com dois avaliadores, um para manusear o audiômetro e outro para ficar com a criança na cabina acústica com a finalidade de manter a atenção e estímulo para a brincadeira.
Audiometria Tonal Liminar
A audiometria tonal liminar é o exame mais tradicional para avaliação audiológica, e fornece muitas informações importantes acerca da saúde auditiva. O objetivo é verificar a menor intensidade que gera resposta no sistema auditivo em diferentes frequências. O estimulo pode ser apresentado por via aérea (através de fones de inserção ou fones supraaurais) ou ainda por via óssea (através de um vibrador).
São avaliadas frequências médias, graves e agudas e é possível determinar o tipo de perda auditiva e o grau. Sem dúvida é o exame que mais fornece informações sobre o sistema auditivo, além de informar como o paciente reage ao estímulo auditivo.
Para realizar o exame o paciente deve ser colocado em uma cabina acústica para não sofrer interferências de barulhos externos e será orientado a levantar a mão ou apertar um botão ao ouvir o estímulo. Normalmente o estímulo é apresentado em intensidades decrescentes e é considerado limiar a menor intensidade que gera 50% de resposta.
É importante que seja respeitado repouso auditivo para indivíduos que trabalham em ambientes ruidosos, pois o ruído excessivo pode causar perda temporária do limiar, podendo afetar o resultado. Também é fundamental que seja verificado se não há obstrução por cerúmen no meato acústico externo antes da realização do exame.
Audiometria Vocal
A audiometria vocal é um exame que complementa a avaliação da audiometria tonal liminar. Podemos realizar as seguintes avaliações:
- Limiar de detecção de fala: será avaliada a menor intensidade que gera resposta, ou seja a menor intensidade que o paciente é capaz de detectar a fala. Nesta avaliação é cobrada apenas a detecção e não a compreensão e normalmente a menor intensidade que gera resposta é igual ao menor limiar tonal obtido por frequência.
- Limiar de reconhecimento de fala: neste teste o examinador irá apresentar uma lista de palavras em grupos de 4 palavras, iniciando em intensidade audível (geralmente 40dB acima da média de 500Hz, 1000Hz e 2000Hz), e irá reduzindo a intensidade até obter a intensidade que gera 50% de acertos, ou seja de 4 palavras apresentadas o paciente acerta 2 e erra 2. Normalmente este resultado é igual ou até 10 dB superior a média das frequências de 500Hz, 1000Hz e 2000Hz. O teste é útil para confirmar os limiares de audiometria tonal.
- Índice de reconhecimento de fala: Neste teste apresenta-se uma lista com 25 palavras (monossílabos e dissílabos) em intensidade audível e confortável (normalmente 40dB acima da média de 500Hz, 1000Hz e 2000Hz) e calcula-se o índice de acerto. Este exame serve principalmente para avaliar a compreensão de fala no silêncio e nos ajuda também a verificar a compatibilidade da audiometria tonal.
Avaliação do Processamento Auditivo
O Processamento Auditivo Central é a capacidade que o cérebro tem para usar a informação que chega pelos ouvidos, ou seja, “é aquilo que o cérebro faz com aquilo que o ouvi do ouviu”. Devemos considerar que o ouvido é a porta de entrada para o cérebro, e que é no cérebro que ocorre a interpretação dos estímulos auditivos.
O processamento auditivo representa as habilidades auditivas que são desenvolvidas desde o nascimento, através da estimulação Sonora. São elas: Localização Sonora, atenção, discriminação, memória, etc. Algumas vezes por alguns transtornos no desenvolvimento a realização destas habilidades podem ser prejudicadas provocando desatenção, dificuldade de concentração, compreensão e aprendiz agem em qualquer idade. Isso é chamado de Transtorno de Processamento Auditivo.
Mesmo o indivíduo que escuta bem, pode ter alteração de processamento auditivo, porém se isso for detectado existem metodologias de treinamento auditivo que conseguem rever ter este problema.
Muitas vezes, crianças com transtorno do processamento auditivo apresentam dificuldades de aprendizagem e até mesmo de socialização, portanto o diagnostico e tratamento correto são imprescindíveis.
O exame é realizado em cabina acústica e o indivíduo deverá executar diversas tarefas auditivas que tem por objetivo avaliar as habilidades do processamento. Estas tarefas compreendem por exemplo, identificar frases na presença de ruído, memorizar sons, entre outros. O exame é indolor e é fundamental que o paciente esteja bem disposto para realizá-lo, uma vez que o cansaço poderá atrapalhar a performance auditiva.
Ganho Funcional em Campo Livre
Este exame se assemelha a audiometria em campo livre, onde o paciente é colocado em frente a caixa acústica (1m de distância) e é orientado a levantar a mão toda vez que escuta o som proveniente da caixa. Neste caso se avalia a audibilidade das duas orelhas.
Para realizar o ganho funcional, devemos inicialmente obter os limiares do indivíduo sem os aparelhos auditivos e posteriormente com os aparelhos auditivos.
Na maioria das vezes realiza-se este teste em crianças usuárias de aparelhos auditivos, com a finalidade de verificar o menor nível de intensidade capaz de gerar resposta auditiva.
Antigamente era a metodologia utilizada para a validação de próteses auditivas analógicas, com ganho linear. Atualmente, com o advento das próteses auditivas digitais ele não representa o ganho real pois nas próteses digitais o ganho varia de acordo com o sinal de entrada (ganho não linear), portanto nestes casos o ganho funcional deve ser substituído pelo ganho de inserção.
Imitanciometria
Apesar de normalmente lermos estes nome nos pedidos médicos, a nomenclatura correta deste exame é impedanciometria. A finalidade deste exame é avaliar as estruturas da orelha externa e média (membrana timpânica, ossículos, etc), além do funcionamento da orelha média e da tuba auditiva.
Na primeira parte do exame realiza-se a curva timpanométrica, onde se observa a flacidez ou rigidez da membrana timpânica, e determina-se o volume da orelha externa e da orelha média. Através desta medida de volume podemos inferir se a movimentação da membrana timpânica está ocorrendo de forma adequada ou se por exemplo está sendo prejudicada devido à alguma secreção, como ocorre nas otites.
Além da curva timpanométrica realiza-se a pesquisa dos reflexos estapedianos. O reflexo estapediano é um reflexo de proteção do sistema auditivo, onde se avalia a contração do músculo estapédio a partir de sons de forte intensidade.
É um exame simples, rápido e normalmente indolor. Recomenda-se que o paciente esteja com os condutos auditivos limpos e que evite sons muito altos 14 horas antes do exame. Uma sonda é inserida no conduto auditivo externo de um dos ouvidos e um fone de ouvido no outro.Por meio dessa sonda injeta-se pressão.Há também um pequeno canal que fornece estímulo sonoro e outro que transmite de volta as respostas a esses estímulos e avalia o grau de deslocamento do sistema tímpano-ossicular. O exame não tem contraindicações, pode ser feito em qualquer idade e não depende de respostas do paciente para ser realizado. Este exame complementa os achados da audiometria tonal.
Testes de Compreensão de Fala no Silêncio e no Ruído
A compreensão de fala depende da integridade do sistema auditivo, portanto a habilidade para compreender a fala deve ser considerada a avaliação mais importante na bateria de testes para avaliação auditiva.
Através da análise dos testes com sentença no silêncio e na presença de ruído podemos observar as reais dificuldades perceptuais e deste forma conhecer as habilidades auditivas do indivíduo.
Normalmente o teste é realizado em cabina acústica e o paciente é orientado a repetir sentença de fala inicialmente no silêncio e depois na presença de ruído de fundo. O ruído a ser utilizado pode ser variável e a intensidade também.
Se o paciente não for capaz de repetir as palavras pode-se utilizar figuras que descrevam atividades de vida diária, e o paciente poderá apontar a figura correspondente à palavra que está sendo dita.
Estes testes podem ser realizados em indivíduos com audição normal e com queixas de dificuldade de compreensão e atenção auditiva, ou ainda, para avaliação dos benefícios oferecidos por aparelhos auditivos e implantes cocleares.
Observação Comportamental Frente a Sons Instrumentais
Este exame avalia o comportamento auditivo de crianças pequenas a sons não calibrados em intensidades fracas, médias e fortes. O principal objetivo desta avaliação é verificar as habilidades auditivas e relacioná-las com a idade cronológica, desenvolvimento motor e linguístico com a finalidade de avaliar possíveis atrasos no desenvolvimento das habilidades auditivas.
O exame é especialmente indicado para monitorar o desenvolvimento de bebês prematuros que apresentam risco para deficiência auditiva, porém apresentam acuidade auditiva normal. A prematuridade pode ocasionar um atraso na aquisição das habilidades auditivas e caso este atraso seja identificado precocemente é possível através de estimulação especializada garantir o melhor desenvolvimento.
O exame é feito com a criança acordada e bem disposta, é totalmente indolor, feito rapidamente por dois avaliadores, e são apresentados bilateralmente sons instrumentais. Observamos respostas de atenção, procura da fonte, localização além de respostas reflexas.
Também é utilizado no seguimento de crianças usuárias de aparelhos auditivos e implantes cocleares.
Audiometria com Reforço Visual
Este exame é realizado com crianças a partir de 6 meses de idade. O objetivo é obter os níveis mínimos de resposta para tons calibrados pelo menos nas frequências de 500Hz, 1000Hz, 2000Hz e 4000Hz. Os sons são apresentados através da caixa acústica em campo livre ou através de fones supraaurais ou de inserção.
Após a apresentação do estímulo e observação da resposta da criança (geralmente localização sonora), é apresentado um estímulo visual interessante (brinquedo iluminado ou animado). O objetivo é estimular a criança a responder na expectativa de “ganhar”o reforço positivo do estímulo. Ou seja, o método condiciona a resposta auditiva através da apresentação do reforço oferecido pelo estímulo visual.
Esta metodologia também pode ser utilizada para investigar limiares de detecção de estímulos da fala.
Quando realizada em campo livre avalia as duas orelhas, e na presença de fones a avaliação é feita separadamente por orelha. É possível através do método avaliar crianças com audição normal para determinar os níveis mínimos de resposta, mas também serve para avaliar as respostas dadas por crianças que utilizam aparelho auditivo ou implante coclear.
O exame é indolor, realizado por dois avaliadores e precisa que a criança esteja acordada e bem disposta. Normalmente é realizado no colo da mãe.
“As informações aqui colocadas são de caráter informativo. Cada paciente possui suas particularidades e deve ser avaliado e tratado de forma individualizada. Se você tem algum problema de saúde, procure um médico especialista.”