Motricidade Oral
Essa é uma das áreas mais procuradas em fonoterapia, é um encaminhamento muito comum, e na grande maioria das vezes é um trabalho realizado em conjunto com o ortodontista e outras especialidades médicas.
O tratamento poderá acontecer na prevenção ou na reabilitação. A população atendida compreende crianças, jovens, adultos e idosos.
E quando você poderá ter um encaminhamento para Avaliação Fonoaudiológica?
Os encaminhamentos são realizados nos casos que temos alterações relacionadas com as funções estomatognáticas, isto é, disfunções relacionadas com a respiração, mastigação, sucção, deglutição, fonação, articulação e todas as estruturas musculares e esqueléticas envolvidas com as mesmas funções, alterações de lábios, língua, bochechas, dentes, maxila, mandíbula e palato.
Nos casos de disfunção da articulação temporomandibular(ATM), a avaliação e o acompanhamento se faz necessário.
Estará relacionado ao trabalho em motricidade orofacial, também os casos de fissura labiopalatina,paralisia facial, traumas de face, queimaduras,e até mesmo a estética facial.
Disfluência ou Gagueira
O que você pensa quando dizem que uma pessoa, criança ou adulto, ao se comunicar gagueja?
Pode ser aquela pessoa que é ansiosa, nervosa ou que passou por traumas e que por isso não consegue desempenhar a habilidade motora da fala com sucesso, apresentando repetições, prolongamentos e bloqueios articulatórios durante um discurso e/ou diálogo com os interlocutores. Você pode já ter ouvido falar que a pessoa que apresenta disfluência atípica ou gagueira, quando canta ou interpreta um personagem, não tem problema de fluência.
Não podemos tentar compreender, pensar, observar, avaliar e propor terapias para a disfluência, considerando apenas um fenômeno de pura alteração na produção fluente da articulação de palavras e frases.
Por outro lado e de maneira mais ampla devemos compreender a disfluência como uma manifestação da fala e da linguagem, que estão relacionados com fatores biológicos, psicológicos e sociais.
Por ser uma habilidade de função motora, a criança não nasce e começa a falar com total fluência e requer o domínio muito específico da linguagem, em seus aspectos do conhecimento dos fonemas, palavras e estruturas gramaticais.
O domínio de uma habilidade não se dá de uma hora para outra, é necessário praticar e isso leva tempo, deve falar fluentemente muitas e muitas vezes e dessa forma a habilidade é gradativamente reforçada.
Muitas crianças, por volta dos 3-4 anos de idade podem apresentar episódios de disfluência, a qual acontece pela imaturidade e consequentemente a inahabilidade motora da fala, além de não apresentar total domínio dos aspectos da linguagem. Nesses casos é necessário que a família e a escola, sejam orientadas para melhor interagir com a criança e que ela possa desenvolver a habilidade da fluência, sem ficar sendo chamada sua atenção para os momentos de disfluência. É importante dar mais atenção ao conteúdo da fala da criança e não ficar destacando a forma como ela está falando; é preciso dar o tempo para a criança completar o pensamento, encontrar as palavras adequadas, assim como a estrutura das frases. É inadequada interferência durante a fala da criança, pedindo para falar “devagar”, “com calma”, “respiar”, “não gaguejar”, ou ainda falar por ela, para terminar o assunto.
Nos casos, nos quais a disfluência é observada em crianças mais velhas, jovens ou adultos, se faz necessária a avaliação especializada para melhor definir o processo terapêutico.
Atualmente muitos estudos na área de neuroimagem têm trazido esclarecimentos para melhor compreensão da disfluência com base em dados orgânicos e fisiológicos.
Distúrbios Articulatórios, Dislalias ou Desvio Fonológico
Em relação as alterações de fala, ou produção da fala, são os quadros de distúrbios articulatórios os mais comuns e frequentes na clínica fonoaudiológica.
Esses quadros podem ser compreendidos como a maneira de se comunicar oralmente, na população infantil ou mesmo adulta, que não corresponde a forma correta na produção articulatória dos fonemas da língua.
As alterações na produção da fala,podem ser leves ou até mesmo levar ao impedimento da interpretação e comunicação entre os interlocutores.
É muito mais comum a manifestação de distúrbios articulatórios em crianças, com trocas, omissões, substituições, adição e distorções dos fonemas, não mais esperados para a idade cronológica e desenvolvimento global.
Porém jovens e adultos podem apresentar alterações articulatórias, as quais são compatíveis com distúrbios fonológicos.
É esperado que a criança, por volta de 4 anos e meio, já tenha adquirido e completada a aquisição de todos os fonemas e assim se comunicar, com total eficiência, como os adultos de sua comunidade linguística.
Caso isso não aconteça deve ser avaliada pelo fonoaudiólogo, receber acompanhamento necessário, e dessa maneira minimizar problemas futuros, com a alfabetização e emocionais.
Várias podem ser as causas, desde problemas anatômicos e fisiológicos(fissura palatina e/ou labial); alterações musculares; quadros neurológicos(paralisia cerebral); alterações sensoriais permanentes ou transtórias(perdas auditivas e otites); atraso de aquisição e desenvolvimento da fala e linguagem, com casos semelhantes na família; problemas emocionais(quadros psicose infantil); ambiente familiar pouco estimulador(cultura); inadequado modelo de fala e pobre interação; uso prolongado da chupeta e consequente má oclusão dentária.
Em todos esses casos se faz necessário a avaliação fonoaudiológica.
Disfonias
A voz humana é um produto único e individual, sendo uma das extensões mais fortes e marcantes da personalidade de uma pessoa. Comunicar emoções, usando a própria voz, é uma característica humana importantíssima e está relacionada a manutenção psicológica e social.
E o que dizer quando temos quadros de alterações da produção vocal?
Nos casos onde a harmonia na produção vocal não é mantida, temos as disfonias,em diferentes graus e em todas as idades. Nessas situações a voz é produzida com esforço e a comunicação pode não ocorrer de maneira eficiente. Um exemplo, muito comum, é em sala de aula, a voz do professor que deve competir com ruídos ambientais e não é audível e inteligível para os alunos. A continuidade do uso inadequado da voz, poderá levar ao quadro de disfonia funcional.
Podemos apresentar alterações da voz devido aos problemas anatômicos e funcionais, da laringe, vibração das pregas vocais, da passagem do ar pelas cavidades do trato vocal, assim como problemas relacionados ao sistema respiratório, digestório e ainda fatores emocionais.
O uso inadequado e profissional da voz por professores, cantores, operadores de telemarketing, dubladores e palestrantes é uma das causas mais comuns de quadros de disfonia funcional, e com o diagnóstico de nódulos vocais, os famosos calos nas cordas vocais.
Alterações vocais podem estar presentes em quadros neurológicos,como na doença de Parkinson, é apenas um quadro secundário,inserido em um quadro muito maior da própria doença.
O exame otorrinolaringológico completo é fundamental,assim como exames complementares com o pneumologista,psiquiatra e gastro enterologista.
Podemos definir as disfonias em funcionais,orgânicas e organofuncionais.
Somente a avaliação médica e fonoaudiológica,em conjunto,poderá definir o tipo de disfonia e as condutas terapêuticas.
Alterações Neurológicas
O fonoaudiólogo poderá acompanhar os pacientes em suas necessidades, nas mais variadas áreas da fala, voz, linguagem, em quadros com alterações neurológicas, congênitas ou adquiridas.
Considerando todas as áreas de atuação em fonoterapia: fala, linguagem, voz, motricidade oral, leitura e escrita. E em todas as idades, o fonoaudiólogo poderá acompanhar os pacientes com disfunções relacionadas aos quadros com alterações neurológicas em casos: de paralisia cerebral, com comprometimento das funções de deglutição, motricidade, fala e linguagem; nas doenças degenerativas(doença de Parkinson, Alzheimer); pós AVE/AVC, com comprometimento da fala e linguagem receptiva e/ou de emissão(afasias); nas síndromes genéticas e/ou quadros adquiridos, com ou sem comprometimento cognitivo e motor(Síndrome de Down; Síndrome de West); nos casos de disfagias, apraxias e dispraxias de fala; complicações pós acidentes(automobilístico, esportes, queimaduras).
O acompanhamento fonoaudiológico nesses quadros devem ser inseridos no acompanhamento multidisciplinar, com o objetivo de desenvolvimento, ou ainda manter funções existentes, visando sempre qualidade de vida.
Alterações de Fala e Linguagem
Queixas e encaminhamentos para a clínica fonoaudiológica, relacionadas as alterações de fala e linguagem são muito comuns e frequentes.
Estaremos dando ênfase para os casos nos quais, não temos alterações e diagnóstico sensoriais, neurológicos e psicoemocionais relacionados com o atraso da aquisição e desenvolvimento da fala e linguagem.
Pode ser aquela criança que compreende e ouve os pais, porém não se comunica através da fala, apresentando desenvolvimento de linguagem aquém do esperado para a idade.
De maneira geral, como compreender as alterações específicas de aquisição de fala e linguagem, em crianças pequenas, as quais necessitam de intervenção precoce, que por algumas razões não estão conseguindo desenvolver a linguagem de uma forma esperada. E aqui falamos de crianças realmente muito jovens, até os 2 primeiros anos de vida, as quais necessitam de intervenção e um plano terapêutico e assim minimizar consequências futuras, além de superar as dificuldades já apresentadas.
A melhor maneira de começar a entender esses quadros é conhecendo como ocorre o desenvolvimento e o processo de aquisição de fala e linguagem.
Sabemos que o período esperado para o desenvolvimento dessas habilidades, de ocorrer até os 2 anos, e assim a criança nessa idade já apresenta desenvolvimento das habilidades linguísticas e já pode dominar a função social da comunicação. É atenta ao ambiente; apresenta intenção comunicativa e busca a interação com as pessoas, adultos e/ou crianças, apresenta razão ou motivo para se comunicar, tem a necessidade de comunicar, isto é, tem algo para dizer e para alguém; compreende muitas palavras, ordens, usa vocabulário de 200 palavras e constrói frases com dois vocábulos.
Crianças que não apresentam comportamentos acima relacionados, precisam de avaliação fonoaudiológica e intervenção, pois são crianças que merecem atenção especial, pois o atraso de aquisição da fala e linguagem poderá trazer consequências para a comunicação, em aspectos da forma e conteúdo, além de atraso psicoemocional e escolar.
Distúrbios de Aprendizagem
Na prática clínica fonoaudiológica, o encaminhamento para o diagnóstico e terapia dos distúrbios de aprendizagem é bastante frequente e está relacionado as dificuldades do aprendizado da leitura e escrita.
Essa é uma área de convergência entre as especialidades: pedagogia, psicologia, psicopedagogia e fonoaudiologia.
O termo amplo de distúrbio de aprendizagem pode estar englobando desde dificuldade de trocas de letras, até quadros de déficit de atenção, hiperatividade, dislexia, discalculia, alterações perceptuais auditivas e/ou visuais.
O processo de aquisição e desenvolvimento da leitura e escrita é bastante complexo, sendo uma das formas mais elaboradas de linguagem, indo muito além de simplesmente, decodificar o código gráfico.
O aprendizado da leitura e escrita está relacionado ao conjunto de fatores do domínio da linguagem e da capacidade de simbolização.
Os distúrbios de aprendizagem podem estar relacionados aos fatores internos(déficit intelectual; alterações perceptuais auditivas e/ou visuais) e condições externas(ambiente desfavorável para o ensino e aprendizagem) necessários para o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita. Portanto, é a combinação de fatores biológicos e ambientais que podem levar aos vários graus de comprometimento dos distúrbios de aprendizagem.
As queixas trazidas nesses casos podem estar relacionadas aos sinais e sintomas de alterações que comprometem a funcionalidade da comunicação escrita. As crianças podem apresentar dificuldades na aprendizagem da leitura ou no uso da escrita; podem variar de quadros de trocas de letras, ou até dificuldades graves de leitura e interpretação de textos.
Apenas a identificação das manifestações das alterações da leitura e escrita não são suficientes para determinar a causa dos distúrbios,assim como definir os procedimentos a serem adotados no processo terapêutico.
O paciente deverá realizar avaliações: de linguagem, auditiva, visual, neuropsicológica, neurológica e com todos os resultados, é realizado o diagnóstico multidisciplinar e dessa forma devem ser determinadas as áreas comprometidas e as prioridades a serem trabalhadas.
Audiologia Educacional
Audiologia Educacional é a área de atuação do trabalho fonoaudiológico direcionado ao atendimento às crianças diagnosticadas com deficiência auditiva, em seus diferentes tipos e graus de perdas auditivas.
Atualmente temos recursos que possibilitam o diagnóstico precoce das perdas auditivas na população infantil.
Ainda no berçário, na triagem auditiva neonatal universal(TANU), todos os bebês passam por uma triagem, com a realização de testes objetivos, os que falham são encaminhados para o diagnóstico e posterior intervenção terapêutica.
Os bebês e suas famílias, que recebem o diagnóstico da deficiência auditiva poderão iniciar a intervenção com a seleção dos aparelhos de amplificação sonora individual(aasi) e o trabalho terapêutico será baseado na estimulação auditiva, visando promover o desenvolvimento da linguagem oral, por meio do aproveitamento da função auditiva.
Dependendo do tipo e grau de perda auditiva, poderá ter indicação de próteses por estimulação óssea ou ainda avaliação e indicação do implante coclear.
A intervenção precoce possibilita a estimulação auditiva sensorial e das vias auditivas centrais, sendo assim, estaremos garantindo a estimulação do verdadeiro órgão da audição, o cérebro, nas áreas do córtex auditivo.
Sem o trabalho de intervenção, com estimulação auditiva e de linguagem em conjunto com a interação dos pais, familiares e escola, as consequências da deficiência auditiva podem levar ao comprometimento, não só das áreas da linguagem, como também na comunicação, social, emocional, escolar e profissional.
Alteração do Processamento Auditivo
As pessoas, crianças e adultos, que apresentam audição normal, na avaliação audiológica periférica e frequentemente tem dificuldade de compreender o que as pessoas dizem, podem apresentar alterações do processamento auditivo.
O processamento auditivo (PA) se refere aos processos envolvidos na detecção e na interpretação dos sons. De maneira geral, é tudo aquilo que fazemos com o que ouvimos.
O PA é um conjunto de habilidades realizadas pelo sistema nervoso auditivo central (vias do tronco encefálico e áreas cerebrais), fundamental no processo de compreender os estímulos acústicos. Importante ressaltar que é uma função não somente realizada em áreas cerebrais auditivas, mas decorrente da ação integrada de neurônios em diferentes regiões.
As habilidades perceptuais relacionadas ao PA são: detecção, localização e lateralização sonora, discriminação auditiva, reconhecimento, aspectos auditivos temporais (resolução, mascaramento, integração e ordenação), desempenho auditivo em situação de estímulos competitivos e degradados.
Alterações do PA são disfunções nas vias sensoriais ou neurais, que conduzem os estímulos sonoros até o córtex auditivo e dessa forma a escuta é “confusa”.
Nos quadros de alterações do PA existem relatos de dificuldades em conversar em ambientes ruidosos, manter diálogo em grupo, solicitam repetições, atenção auditiva é falha, a mensagem nem sempre é compreendida em sua totalidade, podendo apresentar dificuldades na percepção da entonação da fala, comprometimento da fala, leitura e escrita, lentidão na execução de tarefas de vida diária e acadêmicas.
As pessoas com essas queixas e comportamentos, com frequência são consideradas desatentas, distraídas ou desinteressadas. As crianças podem apresentar dificuldades no acompanhamento escolar, com baixo rendimento escolar ou ainda queixas relacionadas ao comportamento.
O fonoaudiólogo audiologista é o profissional que realiza os testes da avaliação do processamento auditivo, após a avaliação audiológica básica.
Com os resultados sugerindo dificuldades nas habilidades auditivas e comprometimento das funções, a terapia fonoaudiológica será baseada em atividades (exercícios) que estimulem o desenvolvimento destas, juntamente com treinamento auditivo.
Não só o paciente deverá realizar as atividades, mas a família e no caso das crianças, a escola, deverão estar comprometidos com o processo terapêutico.
Reavaliação do PA será necessária, para que se obtenha novos dados quanto ao desenvolvimento e melhora das habilidades auditivas trabalhadas.
“As informações aqui colocadas são de caráter informativo. Cada paciente possui suas particularidades e deve ser avaliado e tratado de forma individualizada. Se você tem algum problema de saúde, procure um médico especialista.”