VII Encontro da Equipe de Implante Coclear do HCMUSP com pais de crianças com surdez.
Durante os dias 5 e 6 de outubro de 2018, tive a oportunidade de participar de mais um encontro para fonoaudiólogos reabilitadores de pacientes usuários de implantes cocleares.
Eramos em um grupo de profissionais de várias regiões do Brasil e também uma convidada da Argentina, fga Marcela Barros. Nesse mesmo evento, no segundo dia, aconteceu o encontro voltado especificamente para pais e familiares de crianças com surdez.
As aulas foram ministradas pelos profissionais da Equipe do IC do HCMUSP, fga Valéria Goffi,fga Paola Samuel, fga Claudia Colato, fga Ana Teraza Magalhães, fga Flavia Bagatini, além de profissionais convidados.
Foram abordados temas relacionados ao processo da reabilitação auditiva com usuários de implantes,desde a introdução ao IC (implante coclear), pois no grupo sempre acontece a participação de profissionais com menor ou maior experiência na área,assim como alunos que estão finalizando a graduação e apresentam interesse em trabalhar na área.
Posteriormente foram apresentadas aulas sobre a interpretação dos mapas de programação dos IC e a importância do fonoterapeuta ter domínio sobre os dados do funcionamento do processador e, dessa forma, poder relacionar com as aquisições e limitações do paciente no processo de reabilitação, estabelecendo contato direto e trocas de informações do processo de adaptação e aquisições das habilidades auditivas, fala e linguagem com a equipe de IC, sempre buscando as estratégias adequadas para o sucesso da reabilitação do paciente, mesmo em casos mais difíceis, como em múltiplas deficiências.
A ferramenta do datalogging dos processadores e todos os avanços tecnológicos são de grande utilidade e devem ser usados pelos profissionais e pais para nos auxiliar na verificação da condição real de uso do dispositivo na vida da criança, pois informa dados como número de horas utilizado, número de vezes que a antena caiu e tipo de ambiente sonoro (silêncio, fala, música…) e assim podemos supor com muito maior confiabilidade a condição de escuta e estimulação, para termos maior objetividade para a orientação da família e escola, quanto a qualidade e quantidade de interação e estimulação, assim como os cuidados com o dispositivo externo (processador, antena, cabos). Os cuidados e manutenção do dispositivo são fundamentais para garantir a entrada auditiva e assim a escuta efetiva.
Os temas sobre o desenvolvimento das habilidades auditivas e o que devemos esperar para cada idade e em grupos distintos de crianças implantadas, em diferentes idades, foram esclarecedores para que o fonoaudiólogo possa realizar a avaliação e planejamento terapêutico, traçar metas, objetivos e estratégias para o acompanhamento da criança usuária de IC, assim como, orientar a família e escola.
E também foi possível refletir sobre a situação na qual a criança não evolui e quais fatores possam estar relacionados, considerando os Sinais de Alerta, as Red Flags, estabelecidas pelo estudo de Robbins AM.
A fga Edilene Boaechat apresentou o tema da plasticidade neurológica e as possibilidades para a reabilitação auditiva.
A fga Cilmara Levy apresentou a abordagem terapêutica, enfatizando a individualidade de cada criança e família, com a importância da possibilidade bilíngue, a parceria fundamental da família e o método LENA.
A fga Mariene P. Comerlatto fez a apresentação das possibilidades na metodologia aurioral e como devemos “encantar os grandes e pequenos” para que a reabilitação seja de fato encantadora para todos os envolvidos, inclusive o terapeuta. Enfatizando a importância da música e leitura desde muito precoce.
Excelentes aulas foram ministradas pela fga Maysa Ubrig, sobre o trabalho de voz com os pacientes com surdez pré e pós-lingual e as possibilidades de melhoras da qualidade vocal. O fgo Olavo Panseri apresentou o trabalho baseado na consciência fonológica e prosódia e assim podemos desenvolver o “melhor falar baseado na real possibilidade do melhor ouvir”. Todos os conhecimentos e informações da área da linguística foram de extrema importância para os esclarecimentos de maiores e menores possibilidades e facilidades no processo de reabilitação.
Fga Alexandra Dezani compartilhou seu trabalho com a Leitura de Fala e a importância de estar associada à entrada auditiva.
A fga Cecilia Moura trouxe vivências e experiências riquíssimas para que todos repensem o “diálogo produtivo entre o IC e LIBRAS” e a melhora efetiva da condição e ajustamento psíquico, social e de trabalho do surdo.
No encontro com os pais a fga Beatriz Novaes encantou e fez com que todos pensassem sobre o BRINCAR JUNTOS. Como e com o que estamos brincando com nossas crianças. Como estamos aproveitando ou não da condição de aprendizagem das crianças, isto é, como estamos possibilitando o brincar como caminho para as aquisições e desenvolvimento cognitivo, de linguagem, emocional e social.
As famílias também tiveram a oportunidade de receber informações sobre as curvas de desenvolvimento e quando pensarem que alguma coisa pode não estar bem e por quê?!
Para finalizar a fga Marcela Barros proporcionou uma vivência de escuta entre as famílias e compartilhou sua experiência com as famílias na Argentina e outros países da América Latina.
Foram dois dias de estudo,reflexão e sempre buscando a excelência para o acompanhamento das famílias que nos procuram para o desenvolvimento do processo de reabilitação auditiva com as crianças com surdez, de diferentes graus e com ou sem múltiplas deficiências.
Sempre um privilégio poder estar em momentos quando podemos estudar,rever amigos e fazer novas amizades. E que venham os próximos encontros de reabilitadores.
Fga Ana Maria M. Oliveira
CRFª 2-4910